quinta-feira, 22 de abril de 2010

Os primeiros reis e os pobres em Portugal

O texto seguinte é um extracto do artigo "POBREZA EM PORTUGAL - UMA QUESTÃO DE CIDADANIA" de ALFREDO BRUTO DA COSTA, no Caderno "Pobreza, direitos humanos e cidadania", da Comissão Nacional Justiça e Paz, 2007.


Numa história que está por escrever - a história social portuguesa -, aprendemos que, desde muito cedo, praticamente desde a fundação da Nação, a sociedade portuguesa exibiu considerável preocupação pelo pobre.
Foi em gestos individuais, em atitudes dos poderes públicos, e através da criação de instituições de resposta à privação.
Desde o ano de 1211, ou mesmo mais cedo, o monarca apresentava-se como «defensor pauperis»: “Porque a nos perteençe de fazermos merçee as [sic] mezquinhos e de os defendermos dos podrosos”, diz o prólogo de um texto legislativo de D. Afonso II (1211-1223).
A protecção dos fracos era, em certa medida, vista como im­plicando a sua defesa contra os poderosos.
Mais tarde, afirmaria D. Afonso III (1248-1279) o seguinte: “Porque nos perteençe defender com Justiça hos pobres do nosso senhorio contra os poderosos”.
Mais tarde, afirmaria D. Afoso III (1248-1279) o seguinte: “Porque nos perteence defender com Justiça hos pobres do nosso senhorio contra os poderosos”.
Com efeito, como escreve Tavares, “Poderosos e pobres com­punham a dicotomia mais antiga que encontrámos expressa” .
A distinção entre os pobres merecedores e não-merecedores, que vem dos tempos recuados do Código Justiniano (ano de 529), só emergiu plenamente na cena europeia no século XV (Woolf, 1986) e, pelos modos, continua a preocupar alguns espíritos ainda no século XXI.
Na citada lei de D. Afonso II, os vagabundos e os ociosos pertenciam à categoria de “homens maus”. Os pobres que se encontravam incapacitados de trabalhar, dispunham de uma rede de serviços de assistência individual no decurso de toda a Idade Média, incluindo hospitais, albergarias e fraternidades.
A primeira lei que se conhece, com o objectivo de combater a errância e a mendicância por pessoas aptas para o trabalho é a Lei das Sesmarias, de 1375, de D. Fernando. A lei combatia a errância e a ociosidade injustificadas, ao mesmo tempo que obrigava os proprietários de terras incultas a facultar trabalho aos errantes e desocupados.
Um ponto interessante dessa lei de 1375 (século XIV), é que definia já então o que hoje designamos por linha de pobreza, ou seja, um limiar - no caso, de 500 libras anuais de rendimento - abaixo do qual podia considerar-se a pessoa como pobre.
Antes disso, havia sido estabelecido o que poderíamos designar por linha de miséria, utilizada para definir os «nihil habentes». Este limiar variou entre as 5 e as 10 libras, durante o período que vai dos meados do século XIII aos meados do século XIV. [...]
A lei das Sesmarias foi apenas uma das medidas de um esforço mais amplo em que o Estado e o poder local também estavam empenhados no combate ou prevenção da pobreza. Porém, as actividades assistenciais eram fundamentalmente particulares.
Para além da prática geral da caridade, existia a prática da medicina levada a efeito por monges e outros sacerdotes seculares, ou por leigos, cristãos, mouros e judeus.
Do mesmo modo, as ordens religiosas introduziram as primeiras actividades educativas no País. Foi também nos tempos medievais que Portugal viu as suas primeiras enfermarias e hospitais, onde os necessitados eram tratados dos seus males.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

UM GRITO EM IMAGEM

RETALHOS DE OUTRAS VIDAS

(EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA)

Aos jovens dos Centros de ATL da Cáritas Diocesana de Coimbra:

Como sabes, celebramos em 2010 o Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social. Vamos deixar a nossa “imagem” neste Ano! Pelo simples motivo de que ninguém merece ser pobre!
Vamos fazer uma exposição fotográfica sob o título “Retalhos de outras vidas”. Será o modo (ou ao menos um dos modos) do nosso Centro celebrar este Ano e despertar outras pessoas para a inumanidade da pobreza!

Não é um Concurso! É uma MANIFESTAÇÃO! Uma celebração interventiva! Um grito em imagem!

Vamos desafiar todos os Centros de ATL da Cáritas dos concelhos de ALVAIÁZERE, ANSIÃO, ARGANIL, LOUSÃ, MIRANDA DO CORVO, OLIVEIRA DO HOSPITAL, PAMPILHOSA DA SERRA, PENELA, POIARES E TÁBUA. Se outros quiserem aderir, são bem-vindos!
Podes fotografar “imagens evocativas da pobreza”, não só imagens que retratem os seus efeitos, mas também algumas que ilustrem as suas causas. Por exemplo, vale habitação degradada, fogos florestais, o nemátodo dos pinheiros, imagem de abandono das aldeias… Mas também imagens de solidão, ou de trabalho infantil, etc. Têm é que ser fotografias tuas!

A exposição tem três modos:
- O primeiro, será dentro do próprio espaço do ATL (sob a coordenação dos/as monitores/as);
- O segundo, será uma “exposição itinerante” constituída por duas ou três fotografias de cada Centro, mais alguma informação relativa à Cáritas e ao projecto Verde Pino;
- O terceiro, é esta exposição itinerante (que vai passar de Escola em Escola, ou outros locais concelhios), enriquecida com mais algumas fotografias do Centro de cada Escola!

Vamos fazer algumas fotografias a preto e branco, com as velhas técnicas de revelação!; mas como é um processo cada vez mais caro e temos poucos estúdios, vamos fazer também fotografias digitais! Desde que tenhas um dispositivo fotográfico ao teu alcance, é só clicar com a máxima ARTE e SENSIBILIDADE para a pobreza…

Esta “exposição fotográfica” insere-se num projecto (Verde Pino) da Cáritas Diocesana de Coimbra para dinamizar acções de divulgação do Ano Europeu e de sensibilização para a pobreza. O teu contributo vai ajudar este projecto a ser um êxito!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

ALTA CIRURGIA

(Quando o pobre já vai de atendimento em atendimento!)

Um cientista, depois de muitas tentativas, conseguiu domesticar uma pulga. Depois, para demonstrar a sua docilidade, arrancou-lhe delicadamente uma pata e ordenou-lhe que saltasse.
«Vê como é obediente! - exclamou -. Baila também com cinco patas».

Com muitos outros cuidados foi-lhe tirando uma a uma as outras patas, obtendo sempre o mesmo resultado positivo.
«A minha intrépida pulga obedece-me sempre», repetia cheio de orgulho.

Quando lhe arrancou a última pata, o cientista repetiu insistentemente, uma e outra vez: «salta..., dança...». Mas teve que render-se diante da obstinada desobediência do insecto.

Por fim, para não admitir a sua culpa, concluiu:
- «Provavelmente terá ficado surda».

Luciano Lazzeri e Massimo Casaro,
Dar la cara por el Reino

quarta-feira, 14 de abril de 2010

http://www.2010combateapobreza.pt

Recorda sempre o endereço oficial de 2010, Ano Europeu do Combate à pobreza e Exclusão Social: http://www.2010combateapobreza.pt

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A Rosa

A Campanha clic-a-clic lançou mais um texto, uma belíssima história atribuída a Rainer María Rilke, conhecida como "A Rosa". Vale a pena ler.


O poeta Rainer María Rilke viveu muitos anos em Paris. Costumava ir todos os dias à universidade na companhia duma amiga francesa, atravessando uma rua muito movimentada.
Ali, a um canto, todos os dias, encontrava-se uma pobre mendiga que pedia esmola a quem passava. A velhinha, como uma imagem religiosa num nicho, ficava imóvel, olhos fixos no chão, apenas de mão estendida.
Rilke, o poeta, nunca dava nada, ao contrário da sua companheira que quase sempre deixava cair na mão da pedinte alguma moeda.
Um dia, a rapariga francesa, intrigada com a atitude do poeta, perguntou-lhe:
- “Porque nunca dás nada a essa pobrezita?”
- “Penso que temos de dar-lhe alguma coisa para o seu coração e não para as suas mãos” – respondeu o poeta.
No dia seguinte, Rilke levou uma bela rosa entreaberta, pô-la na mão da mendiga e ia a continuar o seu caminho, quando… aconteceu o inesperado: a mendiga levantou os olhos, olhou o poeta, levantou-se do chão com muita dificuldade, tomou a mão dele e beijou-a. Foi-se embora logo de seguida, apertando a rosa contra o peito.
Não voltou a ser vista durante toda a semana. Mas oito dias depois, a mendiga apareceu de novo sentada no mesmo canto da rua. Imóvel e silenciosa como sempre.
- De que viveu ela nestes dias em que não recebeu nada? – perguntou a jovem francesa.
- Da rosa – respondeu o poeta.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Um vídeo sobre a pobreza!

A imagem que dá rosto a este filme não é uma composição em photoshop! É uma fotografia real de Kevin Carter, "prémio Pulitzer" em 1994, tirada no Sudão. Uma criança dirige-se para um campo alimentar das Nações Unidas, seguida por um abutre que espera a sua morte... para a comer a ela!
O fotógrafo caiu em depressão e suicidou-se três meses depois desta foto!


Publicado no YouTube por "bilanjo" em 20 de Maio de 2007

Tell Me Why?

Declan Galbraith




In my dream children sing a song of love for every boy and girl
The sky is blue and fields are green and laughter is the language of the world
Then I wake and all I see is a world full of people in need

Tell me why (why) does it have to be like this?
Tell me why (why) is there something I have missed?
Tell me why (why) couse I don't understand.
When so many need somebody we don't give a helping hand.
Tell me why?

Everyday I ask myself what will I have to do to be a man?
Do I have to stand and fight to prove to everybody who I am?
Is that what my life is for to waste in a world full of war?

Tell me why (why) does it have to be like this?
Tell me why (why) is there something I have missed?
Tell me why (why) couse I don't understand.
When so many need somebody we don't give a helping hand.
Tell me why?

(children) tell me why? (declan) tell me why?
(children) tell me why? (declan) tell me why?
(together) just tell me why, why, why?

Tell me why (why) does it have to be like this?
Tell me why (why) is there something I have missed?
Tell me why (why) couse I don't understand.
When so many need somebody we don't give a helping hand.

Tell me why (why,why,does the tiger run)
Tell me why (why why do we shoot the gun)
Tell me why (why,why do we never learn)
Can someone tell us why we let the forest burn?

(why,why do we say we care)
Tell me why (why,why do we stand and stare)
Tell me why (why,why do the dolphins cry)
Can some one tell us why we let the ocean die ?

(why,why if we're all the same)
tell me why (why,why do we pass the blame)
tell me why (why,why does it never end)
can some one tell us why we cannot just be friends?

quarta-feira, 7 de abril de 2010