terça-feira, 28 de setembro de 2010

DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO

O tema do Dia Mundial da Alimentação (16 de Outubro) para 2010 é "Unidos Contra a Fome". Na proposta deste tema, a FAO (organização das Nações Unidas para os problemas alimentares) recorda que nunca houve tantas pessoas com fome como há neste momento, e que só uma efectiva união de esforços pode virar as coisas no sentido de reduzir o número de pessoas que sofrem de fome.



Estratégia "Europa 2020"

Em 17 de Junho de 2010, o Conselho Europeu (constituído pelos chefes de governo/ou de Estado dos países membros)aprovou a nova estratégia europeia para o emprego e para o crescimento, designada de Estratégia "Europa 2020", que sucede à chamada estratégia de Lisboa.
A Estratégia Europa 2020 defende um "crescimento inteligente, sustentável e inclusivo".
Inteligente, porque pretende a criação de riqueza sobretudo através do conhecimento e da inovação.
Sustentável, porque pretende um crescimento que respeite o ambiente e os recursos disponíveis (sem deixar de ser competitivo).
Inclusivo, porque pretende um crescimento com alto nível de emprego, e grande coesão social e territorial.
Esta "inclusão" quantifica um objectivo relativamente à pobreza: "retirar pelo menos 20 milhões de pessoas de situações de risco de pobreza e de exclusão".
É um critério muito objectivo, que nos permite pedir contas aos Estados-Membros em 2020. Apesar disso, parece ser um objectivo viciado na vontade política de o fazer cumprir: desde logo, deixa os indicadores de avaliação ao critério dos Estados-Membros e a luta contra a pobreza aparece em último lugar - a última prioridade! - no conjunto dos objectivos elencados em toda a Estratégia 2020.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Velhos e novos desafios

“As pessoas mais velhas não são uma categoria à parte.
Todos envelheceremos algum dia, se tivermos esse privilégio.
Portanto, não consideremos as pessoas idosas como um grupo à parte,
mas sim como nós próprios seremos no futuro.
E reconheçamos que são pessoas individuais,
Com necessidades e capacidades particulares,
e não um grupo em que todos são iguais porque são velhos”.
Kofi Annan, 2002 [1]


O envelhecimento demográfico já não constitui novidade. É de conhecimento geral que a população está a envelhecer a um ritmo acelerado, com tendência a acentuar-se no futuro.
Apesar deste fenómeno ser, em parte, resultado dos esforços desenvolvidos pela Sociedade e pelo Estado, suscita sentimentos contraditórios: se por um lado reflecte um franco desenvolvimento do potencial humano, por outro gera inquietações.
Sendo uma realidade à escala Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) tem vindo a promover, no debate público, abordagens positivas sobre o envelhecimento da população. O relatório do Conselho Económico e Social da ONU para o comité preparatório para a II Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento (Madrid, 2002) chama a atenção para as mudanças sociais, culturais e tecnológicas em curso que implicam transformações nas estruturas de valores.
O Plano de Acção Internacional para o Envelhecimento vai mais longe e exige mudanças de atitudes, políticas e práticas a todos os níveis e em todos os sectores, para que se possam concretizar as enormes possibilidades que oferece o Envelhecimento no século XXI. O primado “Uma Sociedade para Todas as Idades” remete para alterações profundas na Sociedade e pressupõe que esta ajuste o seu funcionamento e estruturas, bem como as suas Estratégias e Planos.
Esta tentativa de mobilizar todos para uma construção positiva do Envelhecimento é consequente da desvalorização social das pessoas idosas, encaradas muitas vezes como um “peso”.

Erros de perspectiva. Envelhecer é uma oportunidade de vida.

Nos últimos anos, Portugal tem vindo a efectuar um esforço no sentido de reforçar o sistema de protecção social nacional [2], com especial atenção a este desafio demográfico e às desigualdades socioeconómicas vividas por este grupo populacional.
Tal como no contexto europeu, a população idosa portuguesa é um dos grupos mais vulneráveis à pobreza e exclusão social, sobretudo pelos riscos a que está sujeita: económicos (escassos rendimentos e limitações no acesso a bens e serviços), culturais (baixos, ou nenhuns, níveis de escolaridade), sociais (isolamento/solidão, difícil acesso a cuidados familiares, de saúde e a apoio social), ambientais (condições habitacionais precárias), entre outros.
No combate à desigualdade de rendimentos, o Complemento Solidário para Idosos estabelece um marco, não só no diminuir das assimetrias mas também na promoção da solidariedade familiar.


A pobreza não deve ser medida apenas em termos financeiros.

As estratégias transversais e interministeriais de promoção de autonomia adoptadas nos últimos anos reflectem a adaptação das medidas e respostas aos novos riscos e realidades sociais e assentam na adequação às exigências e expectativas do cidadão mais velho. Exemplos disso são a revisão dos montantes das prestações sociais através da diferenciação positiva; o desenvolvimento de medidas que respondam ao desafio da funcionalidade, é caso disto a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados; a renovação dos modelos de aprendizagem qualificada ao longo da vida e o combate ao desemprego dos trabalhadores mais velhos (Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida); a promoção do diálogo entre as gerações e da solidariedade intergeracional (Bancos Locais de Voluntariado); o alargamento da rede de equipamentos e serviços de apoio (Programa de Alargamento das Respostas Sociais) e a sua qualificação, através do Programa de Cooperação para o Desenvolvimento da Qualidade e Segurança das Respostas Sociais, sem esquecer a qualificação do próprio ambiente em que vivem (Programa Conforto Habitacional para Pessoas Idosas).
Mas o combate à pobreza passa também pelo reconhecimento do contributo das pessoas idosas para a gestão quotidiana de pessoas e famílias, numa perspectiva de desenvolvimento económico, social e humano. As pessoas mais velhas de hoje são cada vez mais participativas e activas, desempenham um papel fundamental na vida familiar e comunitária, seja através do trabalho voluntário, transmitindo experiência e conhecimento, seja ao cuidar das suas famílias, organizando as tarefas domésticas e cuidando dos netos, entre outros.

Pobreza é não reconhecer o contributo económico e social das pessoas idosas.

A realização do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social é também uma oportunidade para sensibilizar a opinião pública para estes temas. Envelhecer bem e de forma activa é, cada vez mais, uma questão de direito. Nunca esquecendo que a promoção da igualdade fomenta o exercício pleno de cidadania.

Pobreza é ficar indiferente!
Maria João Almeida
Departamento de Desenvolvimento Social do ISS, I.P.
in e-Newsletter 2010 AECPES (N.º 08, Setembro de 2010)


[1] Discurso da Cerimónia de Abertura da II Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento
[2] Visão Global Integrada da Estratégia Nacional para a Protecção Social e Inclusão Social 2008/2010

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Olhar os pobres

Se não me amas não me olhes.

Se queres ajudar-me, aprende a olhar-me...
Quando me olhares com os teus olhos, não fiques nas minhas aparências: roupas coçadas, cabelos desalinhados, calçado roto, corpo magro, olhar distante...

Se queres ajudar-me põe-te no lugar de Jesus e olha-me como Ele me olha desde o céu. Aproxima-te com respeito da minha pessoa... Ajuda-me, não me condenes. Ao tocares em mim estás a tocar num mistério. Olha para este mistério que eu sou e faz perguntas a ti próprio: Porque estou assim? Porque sou um ser humano de fracos recursos económicos? O que é que está a falhar em mim, em ti e na sociedade em geral? Porque é que tantos têm tantas oportunidades e eu tão poucas? Ou, porque será que eu não soube ou não pude agarrar as minhas? Será que a culpa está só do meu lado? Do mau uso da minha liberdade? Ou todos falharam um pouco
porque não fizeram a sua parte em relação ao meu problema?

Para que eu me possa encontrar acredita em mim,
ajuda-me a descobrir que eu sou mais que o que vejo em mim e à minha volta. Quando me ouvires com os teus ouvidos, não fiques só com o som das minhas as palavras, escuta-me com o teu coração como escutas Jesus. Descobre as minhas necessidades, para que eu procure o que necessito e viva como pessoa.

Se a vida me foi negada não foi porque eu quis.
Simplesmente enganei-me ou enganaram-me
ao procurar a felicidade a que fui chamado...
Quem tens na lista dos teus amigos?
Já visitaste na cadeia um teu amigo?
Chamas-lhe "meu amigo" ou simplesmente "um recluso"?
Já telefonaste ou, mais, visitaste um carenciado em sua casa, na rua ou "nos sem abrigo" no dia do seu aniversário?

Se não é por Amor e porque me amas não me olhes
não me toques, não me ajudes, não me procures.
Não sou "um coitadinho", sou teu irmão...
Se não me amas, não venhas. Prefiro a minha solidão...

(Maria de Fátima Magalhães, STJ)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

300 idosos no Encontro Inter-Projectos!

Os Projectos da Cáritas Diocesana de Coimbra no âmbito do Programa Nacional para o Ano de Combate à Pobreza e à Exclusão Social, juntaram hoje em Fátima (foto) 300 idosos, no Encontro Inter-Projectos "Pobreza e Desempobrecimento". O Encontro pretendeu dar visibilidade a um dos sectores etários mais empobrecidos e dar-lhes informação adequada sobre este Ano Europeu.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

ENCONTRO INTER-PROJECTOS: Mensagem aos Idosos

Se perguntarmos a um moçambicano, a um filipino ou a um mexicano se a Europa é um Continente pobre ou rico, provavelmente todos eles vão dizer que é um continente rico.

Mas na Europa há 80 milhões de pobres! Só em Portugal são mais de 2 milhões!

Agora, com a “crise”, talvez ainda hajam mais pobres e os pobres tenham maiores dificuldades...

Os pobres na Europa são mesmo muitos...
Para combater a pobreza é preciso o contributo de todos: dos governos, das empresas, dos cidadãos, até dos próprios pobres!

Segundo os estudos, a pobreza atinge mais as crianças e os idosos, e mais as mulheres do que os homens.

A pobreza é um atentado à dignidade humana.
Ninguém devia ser pobre!
Passe esta mensagem aos seus familiares e amigos.

Encontro inter-projectos - Idosos

A Cáritas Diocesana promove no dia 16 de Setembro um encontro com idosos,no âmbito das acções do Ano Europeu do Combate à Pobreza e Exclusão Social. Este é um Encontro previsto nos Projectos apresentados ao Programa Nacional (Verde Pino, Cidadania Inclusiva e PorMorCausa) e reúne idosos das três diferentes áreas geográficas destes projectos. Daí o nome de "inter-projectos".

Duas grandes ideias presidem a este Encontro, cujo número estimado será de 300 participantes:
* dar visibilidade aos idosos, enquanto grupo etário com maior índice de pobreza;
* passar aos idosos alguma informação mínima sobre este Ano Europeu, respeitando o seu direito a uma informação adequada.

A Cáritas, tendo auscultado os idosos dos seus equipamentos sociais, achou por bem promover este Encontro em Fátima, sobretudo porque muitos idosos manifestaram o desejo de conhecer a Igreja da Santíssima Trindade, desejo este que não puderam ainda concretizar por razões económicas e/ou de isolamento social. De algum modo, satisfazer esta aspiração é também, em si mesmo, um acto "solidariedade" concreta para com os nossos idosos e um factor de "desempobrecimento cultural".

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

...mas ainda tenho fome!

Este é um texto muito conhecido, nomeadamente nos ciclos ligados à caridade da Igreja, mas um texto que permanece sempre actual. Vale a pena estar permanentemente atento ao fosso que tantas vezes vai entre as palavras e os actos!!!

CRISTÃOS, ESCUTAI!

Eu tinha fome
e fundastes um Clube com fins humanitários, em que discutistes sobre a minha fome.
Eu vos agradeço!

Eu estava na prisão e vós fostes
para dentro de uma igreja
e rezastes pela minha libertação.
Eu vos agradeço!

Eu estava nu e examinastes
seriamente as consequências morais
da minha nudez.

Eu estava doente e caístes de joelhos
para agradecer ao Senhor
ter-vos dado saúde.

Eu estava desabrigado e anunciastes-me
os recursos do amor de Deus.

Pareceis tão piedosos e tão próximos de Deus.

Mas eu, eu continuo com fome,
Continuo sozinho, nu, doente,
prisioneiro e desabrigado.
Eu estou com frio...

poema Malawi – África