terça-feira, 27 de julho de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
A rainha e o povo
A Rainha Santa Isabel, que de dois em dois anos mobiliza Coimbra inteira nas festas em sua honra, foi uma mulher de extraordinária intervenção política, social e religiosa. Mas de toda essa actividade, aquele aspecto que o povo conserva na sua memória e pelo qual a santifica é o do bem-fazer aos pobres. É um bem-fazer, naturalmente, nos limites dos inícios do séc. XIV. Mas é um bem-fazer puro e gratuito. Se ficou tão arreigado na memória e no reconhecimento do povo, só podia ter sido um bem-fazer puro e gratuito.
Hoje, como naquele tempo, o combate à pobreza passa em grande escala por quem detém o poder político. E o modo como esse combate é feito a partir das estruturas de poder - quando é feito! - ficou plasmado no mito das rosas no regaço da Rainha Santa: pode ser feito ao modo de D. Dinis ou ao modo de D. Isabel.
Normalmente nós, que questionamos a pobreza de fora dela, preferimos as medidas políticas ao modo de D. Dinis. Mas não podemos ignorar quem verdadeiramente deve beneficiar dessas medidas: os próprios pobres. E a história do seu amor à Rainha Santa parece indicar que os pobres preferem a luta contra a pobreza que venha caldeada com o aroma e a beleza das rosas.
É possível a beleza e o aroma das rosas no combate à pobreza e à exclusão social?
Hoje, como naquele tempo, o combate à pobreza passa em grande escala por quem detém o poder político. E o modo como esse combate é feito a partir das estruturas de poder - quando é feito! - ficou plasmado no mito das rosas no regaço da Rainha Santa: pode ser feito ao modo de D. Dinis ou ao modo de D. Isabel.
Normalmente nós, que questionamos a pobreza de fora dela, preferimos as medidas políticas ao modo de D. Dinis. Mas não podemos ignorar quem verdadeiramente deve beneficiar dessas medidas: os próprios pobres. E a história do seu amor à Rainha Santa parece indicar que os pobres preferem a luta contra a pobreza que venha caldeada com o aroma e a beleza das rosas.
É possível a beleza e o aroma das rosas no combate à pobreza e à exclusão social?
terça-feira, 20 de julho de 2010
História do Trem da História
Há uns anos atrás um padre brasileiro fez furor entre os adolescentes e jovens (católicos) portugueses: o Pe Zezinho. A razão desse furor é simples: as suas cantigas, de fundo religioso, eram à medida dos sonhos adolescentes. Nada a criticar. Além das cantigas, o Pe Zezinho publicou alguns pequenos livros, ainda à medida "adolescente". E porque não?! Revivalista e em estilo já de blog de verão, o Verde Pino traz-vos, dum desses livros ("Ensina-me a ser pobre de verdade"), o texto que segue (no brasileiro original!!!):
No trem da história alguns homens
e povos mais espertos ou mais
privilegiados tomaram
conta dos
vagões da primeira classe.
Aos pobres ficaram reservados os de segunda.
É neles que devem apinhar-se com
a comida que sobra dos vagões
de primeira.
Como sonham chegar, não podem
descer em parte alguma.
A alternativa seria fazer um motim,
apossar-se do trem e
depois distribuir os lugares e
a comida de maneira equitativa;
mas sabem que é impossível.
Suas armas não atingiriam
a primeira classe, que, por sua
vez, esmagaria qualquer tentativa
de assalto.
Assim, no desgovernado trem da história,
que faz tempo dispensou
o maquinista, em velocidade
incrível e estúpida viajam
ricos e pobres.
E é a insensibilidade dos que
vivem na primeira classe
que levará o mundo à
catástrofe.
Desde o dia em que amordaçaram
o chefe do trem, acabou a
ordem e a justiça.
Mas chegará o dia em que os
ricos dormirão de tanto comer.
naquele dia vai haver um desastre.
Os pobres querem o trem e não
descansarão enquanto o
trem não for de todos.
(Pe Zezinho)
No trem da história alguns homens
e povos mais espertos ou mais
privilegiados tomaram
conta dos
vagões da primeira classe.
Aos pobres ficaram reservados os de segunda.
É neles que devem apinhar-se com
a comida que sobra dos vagões
de primeira.
Como sonham chegar, não podem
descer em parte alguma.
A alternativa seria fazer um motim,
apossar-se do trem e
depois distribuir os lugares e
a comida de maneira equitativa;
mas sabem que é impossível.
Suas armas não atingiriam
a primeira classe, que, por sua
vez, esmagaria qualquer tentativa
de assalto.
Assim, no desgovernado trem da história,
que faz tempo dispensou
o maquinista, em velocidade
incrível e estúpida viajam
ricos e pobres.
E é a insensibilidade dos que
vivem na primeira classe
que levará o mundo à
catástrofe.
Desde o dia em que amordaçaram
o chefe do trem, acabou a
ordem e a justiça.
Mas chegará o dia em que os
ricos dormirão de tanto comer.
naquele dia vai haver um desastre.
Os pobres querem o trem e não
descansarão enquanto o
trem não for de todos.
(Pe Zezinho)
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Ateliers de verão
O Projecto Verde Pino está a desenvolver, junto de vários Centros de Actividades de Tempos Livres, "Ateliers de verão" sobre o tema da pobreza, no contexto da acção nº 9 do próprio Projecto. Provas de btt, caminhadas, actividades na areia, actividades desportivas, jogos tradicionais... São ateliers com uma dupla dimensão: trabalham a temática e expõem-na publicamente, sensibilizando outras pessoas.
Se fala o pobre, dizem: “Quem é este?”
Eis um texto que tem cerca de 2200 anos... Aparece na Bíblia, no livro chamado de Ben Sirá. Confronta o rico com o pobre e enuncia alguns riscos para o pobre de se associar ao rico. Ao juízo do leitor...
O que toca no pez ficará sujo,
o que trata com o orgulhoso
tornar-se-á como ele.
Não carregues com um peso grande demais para ti,
nem convivas com alguém mais forte e rico do que tu.
Que ligação pode haver
entre uma panela de barro e outra de ferro?
Quando entrarem em choque, aquela ficará quebrada.
O rico comete injustiças e, ainda por cima, ameaça;
o pobre é ofendido e ainda pede desculpa.
Enquanto lhe fores útil, utiliza os teus serviços;
quando nada mais tiveres, abandona-te.
Se tens haveres, ele convive contigo,
e há-de despojar-te sem compaixão.
Se lhe fores necessário, há-de enganar-te;
com um sorriso há-de dar-te esperanças;
e, com belas palavras te dirá: “de que necessitas?”
Deslumbra-te com os seus banquetes,
até que te tenha despojado duas ou três vezes;
E, por fim, zomba de ti e abandona-te,
e abana a cabeça, escarnecendo de ti.
Tem cuidado em não te deixares seduzir,
para não seres humilhado por causa da tua loucura.
Um rico que vacila é apoiado pelos amigos,
mas o humilde, quando cai,
até pelos amigos será repelido.
O rico que erra tem numerosos defensores,
e se diz disparates, justificam-no.
Mas, se o humilde vacila, censuram-no;
se falar com sabedoria não fazem caso dele.
Se fala o rico, todos se calam,
e exaltam até às nuvens as suas palavras.
Se fala o pobre, dizem: “Quem é este?”
E, se ele tropeçar, fazem-no cair”.
(Sir 13,1-8;21-23 )
O que toca no pez ficará sujo,
o que trata com o orgulhoso
tornar-se-á como ele.
Não carregues com um peso grande demais para ti,
nem convivas com alguém mais forte e rico do que tu.
Que ligação pode haver
entre uma panela de barro e outra de ferro?
Quando entrarem em choque, aquela ficará quebrada.
O rico comete injustiças e, ainda por cima, ameaça;
o pobre é ofendido e ainda pede desculpa.
Enquanto lhe fores útil, utiliza os teus serviços;
quando nada mais tiveres, abandona-te.
Se tens haveres, ele convive contigo,
e há-de despojar-te sem compaixão.
Se lhe fores necessário, há-de enganar-te;
com um sorriso há-de dar-te esperanças;
e, com belas palavras te dirá: “de que necessitas?”
Deslumbra-te com os seus banquetes,
até que te tenha despojado duas ou três vezes;
E, por fim, zomba de ti e abandona-te,
e abana a cabeça, escarnecendo de ti.
Tem cuidado em não te deixares seduzir,
para não seres humilhado por causa da tua loucura.
Um rico que vacila é apoiado pelos amigos,
mas o humilde, quando cai,
até pelos amigos será repelido.
O rico que erra tem numerosos defensores,
e se diz disparates, justificam-no.
Mas, se o humilde vacila, censuram-no;
se falar com sabedoria não fazem caso dele.
Se fala o rico, todos se calam,
e exaltam até às nuvens as suas palavras.
Se fala o pobre, dizem: “Quem é este?”
E, se ele tropeçar, fazem-no cair”.
(Sir 13,1-8;21-23 )
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Funcionalidade plural e inclusão social
A revista "Hospitalidade", de Abril deste ano, traz uma pequeno artigo de Ana Paula Silva e Paulo Castro Seixas sobre a "funcionalidade" plural, como o "novo paradigma da Inclusão". O contexto em que se insere é o da deficiência.
Vamos tentar explicar,por palavras nossas, o que é este novo paradima.
Vamos considerar que há dois modos de olhar para as pessoas ditas "deficientes": ou centrarmos o nosso olhar naquilo que as limita, ou centrarmos o nosso olhar naquilo que as torna iguais a nós.
Dizem os autores que durante as décadas de 80 e 90 centrámos o nosso olhar naquilo que as limita, o que, pesem alguns benefícios de atenção, continuou a ser estigmatizante, e logo excludente. O novo paradigma pretende centrar a sua atenção na pessoa e nas suas circunstâncias de vida. Assim, todos somos pessoas e todos temos circunstâncias sociais e pessoais que nos permitem funcionar uns com os outros, de um modo que não é igual para todos, mas que é plural. No limite, todos temos deficiências, que são diferentes de uns para outros, e todos temos funcionalidades, que também são diferentes de uns para outros. Por exemplo, todos temos alguma "deficiência" física: os corpos perfeitos são uma utopia!
O outro é igual a mim! Pode ter limitações à autonomia diferentes das minhas, mas todos temos algum tipo de limitação à autonomia; pode ter funcionalidades diferentes das minhas, mas é pessoa como eu.
Na mudança para este novo paradigma, o maior trabalho a fazer parece ser ao nível cultural: passar de uma visão nós-outros (diferentes de nós) a uma visão nós (todos iguais e todos diferentes, ou melhor dito, todos com funcionalidades diferenciadas).
Vamos tentar explicar,por palavras nossas, o que é este novo paradima.
Vamos considerar que há dois modos de olhar para as pessoas ditas "deficientes": ou centrarmos o nosso olhar naquilo que as limita, ou centrarmos o nosso olhar naquilo que as torna iguais a nós.
Dizem os autores que durante as décadas de 80 e 90 centrámos o nosso olhar naquilo que as limita, o que, pesem alguns benefícios de atenção, continuou a ser estigmatizante, e logo excludente. O novo paradigma pretende centrar a sua atenção na pessoa e nas suas circunstâncias de vida. Assim, todos somos pessoas e todos temos circunstâncias sociais e pessoais que nos permitem funcionar uns com os outros, de um modo que não é igual para todos, mas que é plural. No limite, todos temos deficiências, que são diferentes de uns para outros, e todos temos funcionalidades, que também são diferentes de uns para outros. Por exemplo, todos temos alguma "deficiência" física: os corpos perfeitos são uma utopia!
O outro é igual a mim! Pode ter limitações à autonomia diferentes das minhas, mas todos temos algum tipo de limitação à autonomia; pode ter funcionalidades diferentes das minhas, mas é pessoa como eu.
Na mudança para este novo paradigma, o maior trabalho a fazer parece ser ao nível cultural: passar de uma visão nós-outros (diferentes de nós) a uma visão nós (todos iguais e todos diferentes, ou melhor dito, todos com funcionalidades diferenciadas).
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Vem comigo
Em minha pátria há um monte.
Corre em minha pátria um rio.
Vem comigo.
A noite sobe ao monte.
A fome desce o rio.
Vem comigo.
Quem são os que padecem?
Não sei, sei que são meus:
Vem comigo.
Não sei, porém me chamam
e me dizem: "Sofremos."
Vem comigo.
E me dizem: "Teu povo,
teu povo deserdado,
entre o monte e o rio,
com fome e com dores,
não quer lutar sozinho,
te está esperando, amigo."
Oh tu, a que amo,
pequena, grão vermelho
de trigo,
a luta será dura,
a vida será dura,
mas tu virás comigo.
Pablo Neruda
Los versos del Capitán
Corre em minha pátria um rio.
Vem comigo.
A noite sobe ao monte.
A fome desce o rio.
Vem comigo.
Quem são os que padecem?
Não sei, sei que são meus:
Vem comigo.
Não sei, porém me chamam
e me dizem: "Sofremos."
Vem comigo.
E me dizem: "Teu povo,
teu povo deserdado,
entre o monte e o rio,
com fome e com dores,
não quer lutar sozinho,
te está esperando, amigo."
Oh tu, a que amo,
pequena, grão vermelho
de trigo,
a luta será dura,
a vida será dura,
mas tu virás comigo.
Pablo Neruda
Los versos del Capitán
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Olhar para além de nós - estão a matar os índios!
(artigo na Revista Missões on-line, 10-07-2010)
Pontos centrais do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil - 2009
O Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil- 2009 traz, mais uma vez, o triste destaque do estado do Mato Grosso do Sul em matéria de violência contra os povos indígenas. Com a maior incidência de assassinatos - 54% - e um grande número de outras violências e descasos, a realidade no estado confirma a estreita relação entre os conflitos por terra e violência. Nestes conflitos se opõem o agronegócio, o latifúndio e os povos indígenas.
Nos relatórios publicados desde o ano de 2005, a diferença sempre foi gritante em relação a outras localidades do país, o que persiste em 2009. Ano passado, ocorreram 60 casos de assassinatos de indígenas e destes, 33 no MS. Percebendo a realidade desoladora, o Conselho do Cimi, juntamente com seu presidente, dom Erwin Kräutler, e o secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, chegaram a visitar algumas comunidades Guarani Kaiowá no estado, em março de 2010, para conhecer de perto suas realidades e também demonstrar o apoio da entidade para com estes indígenas.
No relatório de 2009, a doutora em Educação pela UFRGS, Iara Tatiana Bonin, ressalta a questão do "racismo institucional no Mato Grosso do Sul, fazendo o traçado desde as estratégias de confinamento de comunidades indígenas na década de 1920, até as atuais invasões de terras por grandes proprietários. "Os Guarani Kaiowá constituem hoje a maior etnia do país, e também aquela que sofre mais intensamente os efeitos de um modelo de ocupação e de exploração de terras para o agronegócio", destaca em seu texto.
Violências: omissão e desassistência do Estado
Em 2009 foram registrados 133 casos de violência provocados pela omissão do poder público. Entre as ocorrências, destaca-se, mais uma vez, o grande número de morte por desassistência à saúde, 41 no total. Deste número, 22 vítimas são do povo Xavante, da comunidade Parabubure, localizada no município de Nova Xavantina, Mato Grosso.
De acordo com informações dos missionários do Cimi, as mortes aconteceram em decorrência de diversas falhas no atendimento à saúde dos indígenas em um período de dois meses. Na região não há transporte para o trabalho e prevenção das equipes de saúde, faltam colchões, medicamentos e materiais básicos, inclusive para higienização.
Outro dado alarmante é o alto índice de desnutrição. Durante o ano passado foram registrados 90 casos na comunidade Guarani Kaiowá de Dourados , Mato Grosso do Sul. Soma-se a esse número nove mortes de crianças em decorrência do baixo peso: 7 em São Paulo, uma no :Tocantins e uma no Paraná .
Criminalização: indígenas do país são vítimas de perseguição e violência
O Relatório aponta que há um crescente processo de criminalização de lideranças e a intensificação de ações contra os indígenas e suas lutas em diversos estados do país. Os casos que mais chamam atenção foram os praticados contra os Tupinambá, na Bahia, e o grande número de lideranças Xukuru, de Pernambuco, perseguidas.
Em junho de 2009, cinco indígenas da comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro, município de Buerarema, foram capturados e agredidos pela Polícia Federal. Durante a ação, eles foram algemados, imobilizados no chão e receberam fortes doses de um produto químico, conhecido como gás de pimenta, nos olhos. . Exames comprovaram ainda que três deles receberam choques elétricos na região dorsal e genital. Essas agressões, praticadas com requintes de crueldade e tortura, tinham por objetivo intimidar os indígenas para que saíssem da terra que tradicionalmente ocupam.
Trinta e cinco lideranças do povo Xukuru estão sendo criminalizadas. Elas foram indiciadas e processadas por diversos crimes, quando na verdade seguem firmes na luta pelo reconhecimento de seu território tradicional
Violência dos grandes projetos
O Relatório ainda apresenta dados sobre violências e danos ao meio ambiente decorrentes da omissão do poder público, como a morosidade na demarcação das terras indígenas e os conflitos fundiários.
Outros dados fazem referência aos danos causados pelos grandes projetos do governo federal. As obras vão desde pequenas centrais hidrelétricas a programas de ecoturismo, gasodutos, exploração mineral, ferrovias e hidrovias. Tais projetos impactam territórios indígenas e afetam a vida de diversos povos, inclusive aqueles que têm pouco ou nenhum contato com a sociedade envolvente.
Exemplo de tais obras é a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. O projeto preconizado pelo governo como sendo fonte de desenvolvimento, na verdade, trará consequências desastrosas e irreversíveis ao meio ambiente e às comunidades da região. Diversos especialistas e movimentos socias já apontaram o número sem fim de irregularidades que envolvem a obra, como o não respeito à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que assegura o direito de oitiva ás populações em caso de obras que lhes afetem.
Fonte: www.cimi.org.br
(in Missões on-line, 10-07-2010)
Pontos centrais do Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil - 2009
O Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil- 2009 traz, mais uma vez, o triste destaque do estado do Mato Grosso do Sul em matéria de violência contra os povos indígenas. Com a maior incidência de assassinatos - 54% - e um grande número de outras violências e descasos, a realidade no estado confirma a estreita relação entre os conflitos por terra e violência. Nestes conflitos se opõem o agronegócio, o latifúndio e os povos indígenas.
Nos relatórios publicados desde o ano de 2005, a diferença sempre foi gritante em relação a outras localidades do país, o que persiste em 2009. Ano passado, ocorreram 60 casos de assassinatos de indígenas e destes, 33 no MS. Percebendo a realidade desoladora, o Conselho do Cimi, juntamente com seu presidente, dom Erwin Kräutler, e o secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, chegaram a visitar algumas comunidades Guarani Kaiowá no estado, em março de 2010, para conhecer de perto suas realidades e também demonstrar o apoio da entidade para com estes indígenas.
No relatório de 2009, a doutora em Educação pela UFRGS, Iara Tatiana Bonin, ressalta a questão do "racismo institucional no Mato Grosso do Sul, fazendo o traçado desde as estratégias de confinamento de comunidades indígenas na década de 1920, até as atuais invasões de terras por grandes proprietários. "Os Guarani Kaiowá constituem hoje a maior etnia do país, e também aquela que sofre mais intensamente os efeitos de um modelo de ocupação e de exploração de terras para o agronegócio", destaca em seu texto.
Violências: omissão e desassistência do Estado
Em 2009 foram registrados 133 casos de violência provocados pela omissão do poder público. Entre as ocorrências, destaca-se, mais uma vez, o grande número de morte por desassistência à saúde, 41 no total. Deste número, 22 vítimas são do povo Xavante, da comunidade Parabubure, localizada no município de Nova Xavantina, Mato Grosso.
De acordo com informações dos missionários do Cimi, as mortes aconteceram em decorrência de diversas falhas no atendimento à saúde dos indígenas em um período de dois meses. Na região não há transporte para o trabalho e prevenção das equipes de saúde, faltam colchões, medicamentos e materiais básicos, inclusive para higienização.
Outro dado alarmante é o alto índice de desnutrição. Durante o ano passado foram registrados 90 casos na comunidade Guarani Kaiowá de Dourados , Mato Grosso do Sul. Soma-se a esse número nove mortes de crianças em decorrência do baixo peso: 7 em São Paulo, uma no :Tocantins e uma no Paraná .
Criminalização: indígenas do país são vítimas de perseguição e violência
O Relatório aponta que há um crescente processo de criminalização de lideranças e a intensificação de ações contra os indígenas e suas lutas em diversos estados do país. Os casos que mais chamam atenção foram os praticados contra os Tupinambá, na Bahia, e o grande número de lideranças Xukuru, de Pernambuco, perseguidas.
Em junho de 2009, cinco indígenas da comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro, município de Buerarema, foram capturados e agredidos pela Polícia Federal. Durante a ação, eles foram algemados, imobilizados no chão e receberam fortes doses de um produto químico, conhecido como gás de pimenta, nos olhos. . Exames comprovaram ainda que três deles receberam choques elétricos na região dorsal e genital. Essas agressões, praticadas com requintes de crueldade e tortura, tinham por objetivo intimidar os indígenas para que saíssem da terra que tradicionalmente ocupam.
Trinta e cinco lideranças do povo Xukuru estão sendo criminalizadas. Elas foram indiciadas e processadas por diversos crimes, quando na verdade seguem firmes na luta pelo reconhecimento de seu território tradicional
Violência dos grandes projetos
O Relatório ainda apresenta dados sobre violências e danos ao meio ambiente decorrentes da omissão do poder público, como a morosidade na demarcação das terras indígenas e os conflitos fundiários.
Outros dados fazem referência aos danos causados pelos grandes projetos do governo federal. As obras vão desde pequenas centrais hidrelétricas a programas de ecoturismo, gasodutos, exploração mineral, ferrovias e hidrovias. Tais projetos impactam territórios indígenas e afetam a vida de diversos povos, inclusive aqueles que têm pouco ou nenhum contato com a sociedade envolvente.
Exemplo de tais obras é a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. O projeto preconizado pelo governo como sendo fonte de desenvolvimento, na verdade, trará consequências desastrosas e irreversíveis ao meio ambiente e às comunidades da região. Diversos especialistas e movimentos socias já apontaram o número sem fim de irregularidades que envolvem a obra, como o não respeito à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que assegura o direito de oitiva ás populações em caso de obras que lhes afetem.
Fonte: www.cimi.org.br
(in Missões on-line, 10-07-2010)
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Combater a pobreza pela criação de riqueza
A lógica segundo a qual é preciso primeiro criar riqueza para depois a poder distribuir é falsa. Diz quem estuda estas coisas que desde 1993 a 2008 a riqueza das nações cresceu sempre... e a pobreza também!
Se é falso o argumento de que o combate à pobreza se faz pelo crescimento da riqueza, a qualquer custo, não deixa de ser verdadeiro que sem criação de riqueza não há a possibilidade de crescimento dos níveis de vida das pessoas. Portugal precisa de criar riqueza.
Entre os sectores que mais criam riqueza em Portugal está o turismo. Neste meses de Verão vamos ser visitados por muitos milhares de turistas. Cabe a quem pensa o turismo em grande escala pensar os factores que o favorecem em grande escala. Mas nós, a nosso nível, não poderemos fazer nada?
Claro que sim: acolhendo bem, usando simpatia, facilitando o acesso à visita de bens culturais (como as igrejas, por exemplo), tentando aceitar quem pensa diferente de nós, etc. Tudo isso é importante. Mas se nem isso conseguirmos, ao menos façamos uma coisa: não sujemos! Evitemos sujar os espaço belíssimos das nossas terras, para que quem chega tenha gosto em permanecer um pouco mais e fique com mais desejo de voltar. É o mínimo que podemos fazer para potenciar um dos sectores que mais riqueza cria em Portugal. Valeu?!
Se é falso o argumento de que o combate à pobreza se faz pelo crescimento da riqueza, a qualquer custo, não deixa de ser verdadeiro que sem criação de riqueza não há a possibilidade de crescimento dos níveis de vida das pessoas. Portugal precisa de criar riqueza.
Entre os sectores que mais criam riqueza em Portugal está o turismo. Neste meses de Verão vamos ser visitados por muitos milhares de turistas. Cabe a quem pensa o turismo em grande escala pensar os factores que o favorecem em grande escala. Mas nós, a nosso nível, não poderemos fazer nada?
Claro que sim: acolhendo bem, usando simpatia, facilitando o acesso à visita de bens culturais (como as igrejas, por exemplo), tentando aceitar quem pensa diferente de nós, etc. Tudo isso é importante. Mas se nem isso conseguirmos, ao menos façamos uma coisa: não sujemos! Evitemos sujar os espaço belíssimos das nossas terras, para que quem chega tenha gosto em permanecer um pouco mais e fique com mais desejo de voltar. É o mínimo que podemos fazer para potenciar um dos sectores que mais riqueza cria em Portugal. Valeu?!
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