A Rainha Santa Isabel, que de dois em dois anos mobiliza Coimbra inteira nas festas em sua honra, foi uma mulher de extraordinária intervenção política, social e religiosa. Mas de toda essa actividade, aquele aspecto que o povo conserva na sua memória e pelo qual a santifica é o do bem-fazer aos pobres. É um bem-fazer, naturalmente, nos limites dos inícios do séc. XIV. Mas é um bem-fazer puro e gratuito. Se ficou tão arreigado na memória e no reconhecimento do povo, só podia ter sido um bem-fazer puro e gratuito.
Hoje, como naquele tempo, o combate à pobreza passa em grande escala por quem detém o poder político. E o modo como esse combate é feito a partir das estruturas de poder - quando é feito! - ficou plasmado no mito das rosas no regaço da Rainha Santa: pode ser feito ao modo de D. Dinis ou ao modo de D. Isabel.
Normalmente nós, que questionamos a pobreza de fora dela, preferimos as medidas políticas ao modo de D. Dinis. Mas não podemos ignorar quem verdadeiramente deve beneficiar dessas medidas: os próprios pobres. E a história do seu amor à Rainha Santa parece indicar que os pobres preferem a luta contra a pobreza que venha caldeada com o aroma e a beleza das rosas.
É possível a beleza e o aroma das rosas no combate à pobreza e à exclusão social?
quarta-feira, 21 de julho de 2010
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