segunda-feira, 9 de agosto de 2010

cogitações de um natural do Verde Pino

Neste mês de Agosto as nossas terras, aqui na zona do Verde Pino, enchem-se de filhos da terra que vêm descansar merecidas férias, provindos das migrações internas ou externas. Os filhos ainda vêm; os netos nem tanto...: as memórias perdem-se; outros polos de atracção são bem mais sedutores que velhas recordações da infância dos pais, ou mesmo da própria.

"Homens bons da terra", forças vivas, igrejas, associações e autarquias, tentam atrair pessoas durante o verão: celebram as velhas romarias religiosas ou criam novas romarias laicas. Transformam ribeiras e regatos em piscinas de rara beleza ou investem em estruturas de lazer competitivas em qualquer mercado do mundo (basta lembrar a Praia das Rocas, em Castanheira de Pêra); recuperam os paladares dos avós e vencem concursos de gastronomia, ou repovoam as montanhas e os ribeiros das espécies que lhes eram próprias.

De máquina fotográfica numa mão e toalha de banho na outra, podemos perder-nos por estes recantos do Verde Pino, de Alvaiázere a Oliveira do Hospital, em dias e dias do mais puro prazer da convivência com a natureza e com as "boas gentes" destas terras.

Tudo isto é verdade. E, todavia, não conseguimos vender a nossa qualidade; e, todavia, continuamos a ser uma das zonas "economicamente mais deprimidas" de Portugal. As pessoas não se inclinam a vir até nós; e menos ainda a ficar... Pesem todas as ilusões, a potencial receita do turismo passa-nos ao lado.

O rebuliço de Agosto não nos pode enganar. Ele próprio, aliás, dá sinais de declínio... Os netos já não voltam... Há muito trabalho a fazer, por todos nós, para que a nossa grande qualidade natural (na natureza e das pessoas) se transforme em grande qualidade... de vida!

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