Como se sabe, a taxa de pobreza média da União Europeia tem-se mantido mais ou menos estável, com pequenas variações. No caso português, essa taxa revela um ligeiro decréscimo no decurso dos últimos dez anos, se bem que a um ritmo manifestamente insatisfatório. Se é certo que os países cm vias de desenvolvimento apresentam taxas superiores à registada entre nós, não há razão para que a taxa de pobreza se situasse, no país, nos 18 por cento cm 2007 [valores referidos a 2007, desconhecendo-se o efeito da crise], nem para que o ritmo a que a taxa tem vindo a decrescer fosse tão lento. O que estas duas realidades revelam é que os esforços, que são muitos, realizados entre nós, quer por serviços públicos quer por instituições privadas, se bem que indiscutivelmente meritórios e indispensáveis, ficam muito aquém do necessário para uma redução substancial da pobreza em Portugal. Na sua maior parte, essas acções e políticas contribuem para minorar as carências, a começar pelas alimentares, mas não atingem as causas estruturais da pobreza e da exclusão.
Há que reconhecer que, pelo menos a curto prazo, existe um conflito entre os interesses dos pobres e os dos não pobres (em particular, dos ricos). É este conflito que as políticas e acções contra a pobreza não reconhecem ou, reconhecendo, optam por evitar o confronto. Nestas condições, tais acções e políticas limitam-se a abordar aspectos periféricos e superficiais do problema. Atenuam os efeitos, mas não atingem as causas dos problemas.
(da Mensagem da C.N. Justiça e Paz para a Quaresma de 2010)
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
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